sábado, setembro 20, 2008

Não imaginas o quanto naquele dia me apeteceu morrer! Em cada degrau que descia naquelas escadas, do 2º andar ao r/c, eu desejava tropeçar, cair e desaparecer deste mundo. Cada vez que tinha que ligar ou desligar algo da corrente eléctrica, fechava os olhos e pedia para acabar ali esticada. Cada movimento que fazia durante o banho era um pedido para escorregar e bater com a cabeça. Em cada estrada que atravessava eu só desejava que viesse um carro e me atropelasse. Naquele dia e nos que se seguiram, eu pensei em tudo, eu só queria acabar com este sofrimento, fosse de que maneira fosse, não queria saber de mais nada, só aquilo fazia sentido.
Gradualmente essa sensação foi-se desvanecendo, tornou-se como que uma névoa que de vez em quando se intensifica mas que no resto do tempo não faz diferença. Comecei a pensar nas coisas menos más (sim! porque boas nunca voltarão a ser!), tentei concentrar-me e focar-me num futuro risonho e cheio de sucesso, mas até isso falhou quando veio a confirmação dos resultados, quando já era mais que impossível voltar atrás. Voltou a névoa, desta vez carregada também de revolta, de uma maior inquietação, de um medo ainda mais aterrador que o anterior, de uma vontade de desistir do tamanho do mundo.
Eu queria dormir, dormir para sempre, deitar-me tarde e não acordar na manhã do dia seguinte, porque a dormir a minha dor era mais pequena, os pesadelos pareciam sonhos comparados com a realidade do que se estava a passar.
Por algum motivo, voltei a encher-me de coragem e de força para enfrentar o que aí vinha, mas por muita vontade que tenhamos de erguer a cabeça e de continuar a sorrir, há momentos em que simplesmente estamos condenados a olhar para o chão e a chorar.
Mesmo tendo recordações estupendas, memórias fenomenais, momentos perfeitos... dói, dói de tão bom que tem sido tudo.

1 comentário:

Anónimo disse...

SEMPRE AQUI ! =)