Insólito

Hoje parece-me quase impossível!
O choque faz-nos pensar nas coisas que aconteceram quase como insólitos, como algo que foi apenas um sonho daqueles nem bons nem maus...algo banal! É impossível, improvável, indesejável!
Não pode ter durado tanto, não pode sequer ter existido, não posso ter feito parte disso, não posso ter sido cúmplice! Não posso, não quero!
Não era eu...é a única maneira de me conformar...era alguém...talvez o génio maligno que Descartes tentou provar não existir. Sim! Era ele em vez de mim! =)

"Não sei porquê, pensei que não se podia imaginar senão em sonhos uma coisa tão bela e tão inacessível. Nesse sonho, avançamos por uma vereda sinuosa que se perde numa floresta escura, corremos para alcançar aquela resplandescente massa de luz que se ergue lá no alto; dir-se-ia que lá nos aguardam deleites que não queremos perder, uma felicidade que não queremos deixar escapar, mas esse caminho, que julgamos estar a terminar a todo o momento, nunca mais chega ao fim."

in A Cidadela Branca

Batalha final

É um combate com vencedor final definido desde início apesar de todos os avanços e recuos que ocorrem em cada round.
Uma disputa em que eu sinto cada estocada cá dentro e sangro como se fosse eu a empunhar a espada.
Uma luta sem sentido, só para iludir os mais distraídos e desatentos.
Um confronto dentro de mim que continua até à exaustão do escolhido para vencido desde o princípio.

metaforicamente falando claro!

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Nos jogos de PC, não em todos mas ainda numa grande maioria, quando jogamos um jogo pela primeira vez e pretendemos gravar o nosso avanço encontramos este cenário.

Depois escolhemos o local onde pretendemos gravar o progresso e fazemos SAVE GAME . Passados uns dias (ou umas horitas, depende do grau de viciação de cada um), entramos no jogo e escolhemos LOAD GAME e recomeçamos o jogo no ponto exacto onde o tínhamos deixado anteoriormente.

Quando nos fartamos ou achamos que já não vale a pena um dos percursos estar a ocupar espaço no disco clicamos DELETE GAME e, como por magia, como se nunca tivesse existido, o percurso desaparece. Nos jogos, quando perdemos ou quando fazemos algo que não queríamos fazer, basta desligar e voltar a recomeçar do ponto onde gravámos a última vez.

Na vida real as coisas são um pouco diferentes, não podemos voltar atrás, não podemos fazer SAVE GAME quando nos fartamos e ir dormir como se não fosse nada, para depois a retomarmos quando estivermos mais bem dispostos. DELETE GAME é algo que também não convém ser utilizado visto que cada um de nós só tem uma vida, só pode escolher um percurso e portanto esta alternativa é muito pouco aconselhável. Às vezes dava jeito poder escolher "com que vida viver cada dia" ou "em que altura e situação viver esta semana"... mas a realidade não é nenhum jogo de computador.

Buraco negro

Esta noite olhei para o tecto do meu quarto, para o céu estrelado que ilumina as minhas noites, ou melhor, que iluminava.
Há uns tempos arranquei uma estrela, a estrela que mais brilhava. Arranquei-a porque não conseguia suportar o lugar de destaque que ela ocupava, mas no fundo tinha esperança de um dia a poder voltar a colocar lá em cima, no sítio que ela merecia.
Agora não posso mais, essa estrela morreu, desapareceu, está noutro quarto qualquer.
Porque não colo outra estrela naquele lugar?
Porque não posso, porque por mais estrelas que cole naquele sítio ele vai continuar a não brilhar tanto como outrora, vai ser sempre um espaço vazio, um buraco...um buraco negro.

Mentir

Em média, mentimos a cada dez minutos que passam.
Para quem nasceu no dia das mentiras isso não é grande admiração, ou para quem não pode inventar uma mentira porque mais cedo ou mais tarde essa coisa acontece mesmo (normalmente, só em mentiras más).
Eu sou da opinião de que devíamos passar a vida toda a mentir, apenas mentiras, nada de sinceridade.
As mentiras não magoam ninguém, protegem-nos dos factos sinceros que ferem e afectam os outros.
Quando somos sinceros acabamos por dizer mais do que aquilo que as pessoas querem ouvir, e depois... bem depois... não interessa o que vem depois... é relativo... depende da pessoa... depende de como levamos essa sinceridade a extremos...depende...é relativo.