Puxa-se com vigor a persiana e o sol brilha nos subúrbios de Lisboa, a música que vem da casa ao lado é agradável e quase que se confunde com a nossa playlist. Apesar de ser Janeiro, esta manhã cheira e sabe a Primavera.
Depois das rotinas matinais cumpridas já estamos atrasados para fazer a história clínica da semana, mas com um dia tão solarengo nem isso é motivo de preocupação.
Conduz-se em direcção ao centro da capital movimentada, rimo-nos das parvoíces do costume e fala-se do tempo.
Eis quando surge o improvável: Lisboa está coberta de um nevoeiro imenso, uma neblina estranha que faz lembrar Londres. Perdeu o brilho, a cor e a luz do costume, parece uma vila fantasma em que não conseguimos antecipar o que está a seguir. Por momentos achamos que estamos num filme do Vasco Santana ainda a preto e branco.
Pensa-se "É temporário, vai melhorar com o correr do dia!".
Mas o tempo passa e o misterioso nevoeiro adensa-se.
Está frio e não parece Lisboa, não é a cidade em que vivemos os últimos 3 anos, é uma cidade desconhecida, uma cidade em que não sabemos bem onde estamos, muito menos o que está ao virar da esquina. As árvores sem folhas parecem hoje em muito maior número, é um óptimo dia para fazer grandes planos para filmes de terror.
Caminhamos em passo acelerado, confusos: fugindo do que vem atrás? ou antecipando o que vem depois?...
Anoitece, o nevoeiro não levantou nem um pouco... esperemos que a noite leve aquilo que trouxe.
foto por Nelson Santos
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